A Câmara de Supervisores de São Francisco, Califórnia, votou nesta terça feira (25.06) pela proibição da comercialização do Juul, cigarro eletrônico nascido no Vale do Silício, e de demais vaporizadores de nicotina. A prefeita da cidade, London Breed, tem 10 dias para rever a decisão, e, caso com ela pactue, a proibição entrará em vigor sete meses depois, quando o Juul e produtos similares terão que ser removidos das prateleiras das lojas de São Francisco.
O produto em questão é controverso, o que torna essa eventual legislação, por consequência, também controversa. O Juul pode ser encarado de formas diversas, como um aliado dos fumantes habituais que desejam parar de fumar, ou como um inimigo das crianças, adolescentes e adultos, que até então detestavam cigarros, mas, influenciados pela moda e atraídos pelos sabores gostosos e pela facilidade do Juul, acabam por se tornar dependentes da nicotina. Os vaporizadores foram eleitos pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) como uma das piores tecnologias recentes, devido ao fato de que o gadget viciou uma nova geração em nicotina.
Mas porque dizer que a decisão – de proibir ou não a venda de Juul -também é controversa? O fato de que, se proibido o comércio de cigarros eletrônicos, os fumantes que migraram para o uso desses vaporizadores voltarão a fumar os cigarros tradicionais que contém outras diversas substancias prejudiciais à saúde, por si só já mostra a ambiguidade dessa decisão. Além dos novos dependentes de nicotina, que também serão possíveis vítimas, já que, sem o Juul, estarão da mesma forma mais sujeitos ao tradicional modo de consumi-la.
Ocorre que, além disso, eventual legislação possivelmente também criará um próspero mercado negro, já que em São Francisco esse será o único jeito de adquirir o produto. Nesse passo, como a Califórnia é vista como um Estado pioneiro em tecnologia, outros Estados dos Estados Unidos, e até mesmo outros países, serão influenciados, e também aderirão à proibição, o que fará com que o cigarro eletrônico ganhe cada vez mais espaço no mercado negro.
Falta consenso entre pesquisadores ao redor do mundo sobre os danos que o cigarro eletrônico causa no corpo humano – e se ele é pior ou menos pior do que um cigarro tradicional, motivo que reforça a controvérsia dessa decisão, já que a proibição do comércio de apenas esse tipo de cigarro parece desmedida e ineficiente para controlar o real problema de acesso e uso de nicotina pelos jovens.
Comments